sexta-feira, 4 de abril de 2008

Bioética na Clonagem

"A ética é daquelas que todo mundo sabe o que são, mas
que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta".
(Valls, Álvaro L.M.)

Ética

Ética diz respeito a consensos que se referem às normas de convivência entre diferentes agrupamentos sociais, que conseguem estabelecer normas de convivência relativamente harmoniosas, mesmo possuindo costumes diferentes, e divergindo na compreensão de mundo e nas perspectivas de futuro (Oliveira, 2004).

Bioética

Trindade (2005) define Bioética como: “A Bioética é um campo de conhecimento aberto, crescente e ilimitado, pluralista na procura de parâmetros aplicáveis universalizados, libertária na conscientização e aplicação dos conhecimentos para benefício da humanidade, compromissado integralmente e totalmente com a vida, entendida como eterna, embora finita para os seres vivos”. Em sumo, Bioética é a parte da ética que enfoca as questões referentes à vida. (Andréa Viude, 2007).

Bioética, que etimologicamente significa ética da vida, “nasceu” e se desenvolveu a partir do surgimento de um novo interesse multidisciplinar no campo das ciências biológicas e áreas afins, isso, graças aos grandes avanços da biologia molecular e as denuncias de abusos cometidos por experiências biomédicas em Homens. (Clotet, 1997).

Segundo Oliveira (2004), a Bioética tem por objetivo garantir a integridade humana, partindo da defesa da dignidade humana, assegurando que práticas medicas sejam mais humanistas. Um dos assuntos mais debatidos hoje, sob os aspectos da Bioética, é a Clonagem.

Clonagem

A técnica da clonagem consiste num procedimento de reprodução assexuada, da qual se obtém seres sexuados idênticos, clones, por meios da engenharia genética e da biotecnologia. A produção de clones refere-se à cópias de moléculas de DNA.

A clonagem diverge em duas áreas: clonagem reprodutiva e clonagem terapêutica.

· Clonagem Reprodutiva: visa dar origem a um novo indivíduo com carga genética idêntica a outro pré-exixtente.

· Clonagem Terapêutica: utilizada a partir da manipulação de células tronco-embrionárias, para evitar ou tratar doenças.

Segundo Schramm (2003) “... a clonagem reprodutiva é praticamente rejeitada universalmente por não ser considerada como tendo uma finalidade terapêutica...”.

A Declaração Universal dos direitos Humanos e do Genoma Humano (1997) proíbe qualquer pratica de clonagem Humana, já o Comitê Internacional de Bioética da Unesco (2001) alega que é ético a técnica da clonagem terapêutica, mas condena a clonagem reprodutiva (Oliveira 2004).

A Igreja Católica e as igrejas ortodoxas consideram a clonagem um atentado ã dignidade humana, mas protestantes liberais, judeus e algumas facções do islamismo resultam os benefícios da clonagem terapêutica (Oliveira 2004).

A Clonagem Humana, principalmente a reprodutiva é considerada pouco eficiente e arriscada pela maioria da comunidade cientifica internacional e moralmente inaceitável pela maioria da população (Schramm. 2003, apud Pereira, LV. 2003 e apud Breitowitz, Y. 2002).

Os simpatizantes da idéia da clonagem em humanos apresentam vário benefícios em que acreditam que a clonagem tem. Apresento algumas das suas idéias:

· Rejuvenescimento;

· Tratamento em vitimas de ataques cardíacos;

· Casos de infertilidade;

· Doenças em geral: Leucemia, Síndrome de Down;

· Implantes mamários, e;

· Genes defeituosos;

Já os não-simpatizantes da clonagem humana, apresentam riscos, como:

· Perca da variabilidade genética;

· Envelhecimento Precoce;

· Grande números de anomalias, e;

· Técnica utilizada com fins escuros, mercado negro.

Dos vários projetos de clonagem humana, poucos são moralmente aceitáveis, entre eles estão: substituição de um filho-morto, a produção de órgão para transplante e a utilização da clonagem como técnica reprodutiva para casais radicalmente inférteis (Costa, 2000).

Segundo Paulo Affonso Leme Machado, jurista, “... a clonagem, sem uma legislação reguladora especifica, fere o principio Constitucional brasileiro, que obriga o poder público a preservar a diversidade do patrimônio genético do país...”, pois a clonagem irá diminuir a variabilidade genética de cada espécie. (Almeida, 1997)

Win Degrave, pesquisador em biologia molecular, confirma que a biodiversidade estará diminuindo, mas alega que não haverá grande problema. Para ele, a clonagem não deve ser proibida, pois é de interesse tanto econômico, como cientifico, onde poderia ser aplicada para resolver problemas de fertilidade, corrigir sérios defeitos genético e ate obtenção de órgãos para transplante. (Almeida, 1997)

A historiadora Marli de Albuquerque, afirma que o processo cientifico é irreversível, não podendo deixar a ciência “trancada”. (Almeida, 1997)

Para Orlando Ferreira Junior, imunologista do Hospital Albert Einstein, com relação à terapia gênica, não existe um limite claro sobre o que é terapêutica ou melhoramento genético. Segundo ele, “... a clonagem não diminui a biodiversidade porque a natureza já faz isso”. (Almeida, 1997)

O especialista em bioética, Marcos Segre, deixa claro que a clonagem é necessária para nos evoluirmos, afirmando que os homens tem, pela sua capacidade de avaliar o que é certo e o que é errado, dizer o que é bom e ruim diante dos avanços tecnológicos/científicos. (Almeida, 1997)

Para Fermin Roland Schramm, analisando do ponto de vista sanitário, é valido a técnica da clonagem, pois caso surja um homem que seja imune às doenças emergentes, é de suma importância preservar essa diversidade. (Almeida, 1997)

Fernanda Carneiro acha: “que precisa discutir por que deve ser feita, para que deve ser feita, e, no caso da clonagem, com que finalidade”. Para o bem do clone, para ela, seria bom que ele não nascesse com desigualdades, e por prudência e respeito a esse novo ser, não deveríamos fazer a clonagem. (Almeida, 1997)

Para Cristina Possas, as praticas de clonagem possibilitaria obter outros avanços científicos para a humanidade. (Almeida, 1997)

Conclusão

Na minha maneira de interpretar, clonar tem o seu valor desde que não ultrapasse seu limite estipulado por Deus. A ciência é boa e, sem dúvida nenhuma, é uma benção de Deus à nós. Não vejo mal no que diz respeito à clonagem de órgãos a fim de beneficiar a própria humanidade, a clonagem terapêutica, principalmente por causa das inúmeras enfermidades. Este tipo de clonagem permitiria curar um paciente à partir de suas próprias células sem ocasionar problemas de rejeição. Mas no que diz respeito à clonagem reprodutiva, sou contra.


Bibliografia

ALEKSANDROWICZ, A. M. C., SCHRAMM, F. R., 2007, Origem e destino revistados: a clonagem entre a profecia e a promessa. Historia, Ciência, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, pág 421 – 441, 2007 Disponível em: www.scielo.org , Acesso: Dez /2007

ALMEIDA, A. B. S., BECNCHIMOL, J. 1997, Clonagem: criador e criaturas rumo a mundos possíveis. Historia, Ciência, Saúde Vol. IV (1), pág 117 – 157, 1997 Disponível em: www.scielo.org , Acesso: Dez /2007

BRAUNER, M C C, Clonagem humana: Aspectos Jurídicos. Disponível em: http://www.ghente.org Acesso: Dez/2007

COSTA, S I F, DINIZ, D. 2000, Mídia, clonagem e bioética. Cad. Saúde Publica, Rio de Janeiro, pág 155 – 162, 2000. Disponível em: www.scielo.org , Acesso: Dez /2007

CLOTET, J. 1997, Bioética como Ética aplicada e genética. Revista Bioética, 1997, Disponível em: http://www.octopus.furg.br Acesso: Dez/2007

OLIVEIRA, F, 2004, Bioética: Uma Face da cidadania. Editora Moderna 2ª Edição, São Paulo, 2004.

OLIVEIRA, A A S, VILLAPOUCA, K C., Perspectivas epistemológicas da Bioética brasileira a partir da teoria de Thomas Kuhn. Disponível em: www.scielo.org , Acesso: Dez /2007

PERREIRA, L V 2002, Clonagem : Fatos e Mitos. Editora Moderna 1ª Edição, São Paulo, 2002.

SCHRAMM, F. Clonagem humana: uma prespectiva promissora? In: Garrafa, V & Perssini L. (orgs.). Bioética: poder e injustiça. São Paulo: Loyola, 2003; 188. Disponível em: www.scielo.org , Acesso: Dez /2007

TRINDADE, E S, 2005, O que é Bioética. Jornal da SGOB Nov/Dez 2005, Disponível em: http://www.sgob.com.br Acesso: Dez/2007

VALENZUELA, C.Y., 2005 Ética cientifica de la clonación humana. Revista Médica Chile, pag 105 – 112, 2005 Disponível em: www.scielo.org , Acesso: Dez /2007

Relatorio do Projeto da disciplina de Bioética da Escola de Artes Ciencias e Humanidades (EACH) - USP.
Produzido por: Adilson Campos Junior, 2007

Um comentário:

Anônimo disse...

Limite estipulado por Deus????? Hahahahahahaha.